Encontro de Mosaicos debate a contaminação por mercúrio na Amazônia

junho, 12 2019

O metal pesado traz problemas ambientais e para a saúde humana
O metal pesado traz problemas ambientais e para a saúde humana

Renata Andrada Peña

O uso indiscriminado de mercúrio na mineração de ouro de pequena escala na Amazônia foi tema de palestra realizada hoje durante o II Workshop de Mosaicos de Áreas Protegidas, em Brasília.

O especialista em conservação do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira, falou sobre os resultados de um estudo feito pela Organização em 2017 que revelou a presença de altos índices do metal pesado em cinco das oito espécies de peixes mais consumidos pelos amazônicos. A contaminação afeta não só a biodiversidade local, mas também a saúde das comunidades ribeirinhas e indígenas do norte da Amazônia, especificamente no estado do Amapá.
 
“Nosso objetivo foi o de gerar conhecimento científico para subsidiar a implementação de políticas públicas para reduzir os impactos negativos na biodiversidade e na vida das pessoas”, afirma Oliveira. “Estamos preparando uma atualização dessa pesquisa que deve ser lançada ainda este ano”, indicou o especialista do WWF-Brasil durante o Workshop.
 
Segundo Oliveira, a atualização do estudo, que já está sendo preparada, contou com apoio de parceiros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto de Pesquisa e Formação Índigena (IEPÉ), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Amapá (Unifap) e Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio).

“Estamos agora analisando mais de 400 novas amostras e o cenário aponta o mesmo: alta contaminação como há dois anos atrás”, afirma o especialista do WWF-Brasil.

Oliveira fez um alerta: "Uma das consequências positivas do estudo realizado em 2017 foi que conseguimos um assento na Convenção de Minamata sobre mercúrio - cujo principal objetivo é proteger a saúde humana e o meio ambiente dos efeitos adversos do metal pesado - mas que foi anulada pelo governo Bolsonaro". 
 
Em 2017, o estudo revelou contaminação por mercúrio nos peixes do interior e entorno do Parque Nacional do Tumucumaque e da Floresta Nacional do Amapá. Do total de animais amostrados (187), 151 dos peixes (81%) tiveram níveis de mercúrio detectados. Indivíduos de 5 das 8 espécies mais consumidas pelos habitantes da região excederam o limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 0.5 μg.g−1.
 
A mineração de ouro de pequena escala cresceu na região norte da Amazônia nas duas últimas décadas, especialmente na área de fronteira entre Suriname e Guiana Francesa. Essa região integra a ecorregião conhecida por Escudo das Guianas, que cobre aproximadamente 250 milhões de hectares e que contém um dos últimos remanescentes gigantescos de floresta tropical do planeta.
A pesquisa mostrou que cinco das oito espécies de peixes mais consumidas pelos amazônicos tinha altos índices de mercúrio
© WWF-Brasil
O especialista em conservação do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira, comenta o estudo sobre altos índices de mercúrio nos peixes da Amazônia
© WWF-Brasil
Garimpo de ouro consome mais da metade do mercúrio importando pelo Brasil.
© Foto: Wikicommons
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